texto por Douglas Donin.
Na nova bobagem roliudiana a chegar nos cinemas nacionais (ocupando precioso espaço que poderia ser utilizado por artistas e filmes nacionais de qualidade bem superior, como “Olga” e “O Que é Isso, Companheiro?”), “O Cavaleiro das Trevas” (Christopher Nolan, 2008), o que não falta são tiros, explosões e efeitos especiais. Infelizmente, tudo isto faz parte de uma película tipicamente direitista que só faz alienar o povo e repassar adiante valores deturpados e autoritários.
Na verdade, como no hediondo similar nacional “Tropa de Elite”, o filme reforça a surrada tese da elite branca de direita de que a culpa da criminalidade é das pessoas, e não do capital estrangeiro e do sistema capitalista neoliberal excludente e explorador capitaneado pelos Estados Unidos. Nele, vemos a luta desigual entre o poder repressivo autoritário de direita (por meio do aparato repressivo do Estado, representados pela polícia, o Tenente Gordon e o promotor público Harvey Dent) e um bilionário neoliberal (Bruce Wayne, o “Batman”), que utiliza sua posição financeira, derivada da exploração da classe operária, para promover atos privados contra o crime; e o socialmente excluído “Coringa”, cidadão à margem do sistema de trocas econômicas da cidade, que, como única saída que o sistema excludente neoliberal lhe deixa, inicia um legítimo movimento social revolucionário que tenciona, no princípio, apenas redistribuir riqueza e renda, e no final abraça a causa de trazer abaixo, de maneira definitiva, o corrupto sistema político-social capitalista instalado na cidade.
A primeira e mais gritante farsa impetrada pelo filme é justamente esta, retratar um movimento social revolucionário como criminoso. No início do filme, vemos o Coringa e seus companheiros promoverem a ocupação de alguns bancos, grandes conglomerados financeiros com lucros exorbitantes, detentores do capital, exploradores da população e do proletariado, para promover a redistribuição do dinheiro entre os integrantes do Movimento, gerando empregos, renda e justiça social. Obviamente, os mecanismos repressivos do Estado, a serviço do capital, são acionados pela elite branca e de direita para impedir as manifestações e ocupações do Coringa, que poderiam servir de exemplo ao proletariado.
A grande mídia (comprometida também com o capital) passa a apresentar o Movimento Revolucionário do Coringa como “criminoso” – mas não fala em momento algum dos crimes da Aracruz, da transposição do Rio São Francisco, da Invasão do Iraque pela petrofamília Bush. Qualquer semelhança com a realidade nacional no campo não é mera coincidência, pois o filme parece ser feito sob medida para alienação do público.
No entanto, os defensores do status quo capitalista eventualmente se mostram impotentes frente à força dos ideais revolucionários do Coringa e apelam ao multibilionário Bruce Wayne, um empresário explorador, representante no filme da elite patronal, para o silenciamento da causa revolucionária.
Aqui temos uma mensagem perniciosa passada ao espectador: de que o cidadão, o privado, pode agir em nome próprio, sem intervenção ou auxílio do Estado. Bruce Wayne, ou Batman, faz o que bem lhe apraz, sem permissão estatal e sem seguir planejamento oficial de um programa do governo. Coincidência, ou ele é bilionário? É justamente isto que os realizadores do filme querem deixar subentendido…
O festival de fascismo cresce à medida em que a bobajada americanóide se desenrola, apresentando inocentes como vilões e culpados como mocinhos, glorificando a repressão policial contra os excluídos, o “direito penal do inimigo” e o discurso surrado de que são as pessoas e suas atitudes as verdadeiras culpadas pelo crime, e não as estruturas político-econômicas neoliberais.
Assim, o filme silencia sobre os graves problemas sociais do capitalismo, como a fome e o desemprego, e poupa os governos e suas políticas, ou seja, o filme apresenta os “assaltantes de banco”, “mafiosos” e “terroristas” como responsáveis pela violência para livrar a cara do governo, da burguesia e da elite branca.
Sabemos que a solução para o problema da violência é clara: entre outras questões, primeiramente, é necessário mudar radicalmente a atual política econômica, que privilegia o pagamento das dívidas interna e externa em detrimento dos investimentos em saúde e educação, o que empurra os jovens para a criminalidade. Assim, defendemos o não pagamento das dívidas interna e externa e a elaboração de um novo plano econômico dos trabalhadores que garanta emprego, salário, terra e moradia para todos.
Da mesma forma, é necessário fazer uma devassa nas forças policiais envoltas em corrupção e violência e, a partir da dissolução das mesmas, formar uma nova polícia desmilitarizada e controlada pelos trabalhadores, que deve ter direito de sindicalização e greve.
Para isso, mais que nunca, são necessárias a organização e mobilização dos trabalhadores e da juventude, bem como o controle do que é apresentado aos nossos jovens, primando para uma formação socialista em nossas escolas, tanto para auto-defesa imediata, como para garantir as verdadeiras mudanças, pois não serão esses governos e Congresso corruptos que as farão.
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serio, amei demais esse texto ahahahhahhahahhhaha
Um comentário:
Oi Mariana,
É bom dizer que se trata de uma sátira! O texto foi escrito colando partes de críticas esquerdistas do "Tropa de Elite" e textos do site do PSTU, mas tem gente por aí que está tomando tudo como verdadeiro!
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