sexta-feira, 5 de junho de 2009

teenage rage

Muitos anos atrás eu e a Bárbara participamos de uma excursão pra algum lugar que agora não lembro qual era. Eu, 15 anos, otakice juvenil bombando, ela com 13 na mesma situação, o que fizemos? Enquanto todo mundo colocava as musiquinhas "da moda", eu e ela pirávamos no discman (caralho.) ouvindo nossas musiquinhas otakas (numa seleção que envolvia principalmente as músicas de Weiβ Kreuz, já que o anime era cheio de rapazinhos-andrógenos-kawaii).

Bom, piramos na viagem de ida ouvindo, o problema foi que na volta alguém gritou "ALGUÉM AÍ TEM ALGUM CD DE OUTRA MÚSICA? NÃO AGUENTO MAIS OUVIR ESSA". Pra quê. Nos entreolhamos, muito timidamente levantamos a mão e nosso CD foi prontamente levado para o sistema de som. Acho que eu senti tanto MEDO de rirem de mim que não percebi o quão idiota eu tava sendo ao pensar que talvez alguém se ouvisse poderia *GOSTAR* de ouvir rapazes cantando com vozes afeminadinhas em japonês. Eu dependendo do dia até gosto, mas vá lá né, a idéia parece bem ridícula.

Pois bem, começou a tocar. Eu nunca vou esquecer que a primeira música do CD era Glühen, da abertura do Wei
β Kreuz Glühen. No começo algumas pessoas riram e gritaram "ACHO QUE SEU CD TÁ RISCADO, MARIANA" e aí a música começou de verdade. Então o cara mais popular do colégio chega e fala pra mim, congelada no assento do ônibus: "isso é que música japonesa? po, nunca tinha ouvido, até que é da hora" (não, ele não era otaku e geralmente me zuava todos os dias de SakuraCardCaptors [HUHUAHUAHUA] durante as aulas). Respiramos então aliviadas e ficamos cantarolando as músicas, o resto das pessoas estava mais preocupado em conversar, então ninguém ficou nos zoando ou sequer prestando atenção no que tava tocando.

É bem, bem idiota, mas naquele momento, pra mim que sempre tinha sido minimizada na cidade de Olímpia, aquela foi uma vitória. Uma vitória minha sobre a cidade. Fiquei realmente satisfeita de poder ter ouvido a música que eu gostava no volume que eu queria com uma amiga que eu adorava sem ser dentro de casa. E ainda obrigar mais gente a aturar isso.

Era uma época muito legal mesmo, eu e a Bárbara contra o mundo. Crescemos e tomamos caminhos diferentes, mas sempre guardo com carinho todas essas lembranças das nossas otakices e histerias adolescentes.



(A música, a quem interessar. Reparem nas bee de peitinho de fora e sangue na face, mais gay só a Pantera-cor-de-Rosa.)

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